23/03/2018 às 21:54 – Atualizado em: 24/03/2018 às 11:07
Larissa Biassoti
Larissa Biassoti
Erick usa o sentido da audição para produzir as fotografias
Iluminação, enquadramento, profundidade de campo, originalidade. Estes são alguns dos fatores que contribuem para se criar uma boa fotografia. Dominar a técnica é essencial, mas desenvolver linguagem é melhor ainda.
Imagine a seguinte situação. Você precisa tirar fotos à noite com o celular e conseguir uma luz adequada em relação ao objeto que escolheu registrar e ainda ser inovador e criativo. Um desafio e tanto. Agora, você tem um agravante, precisa fotografar nessas condições com venda nos olhos.
Parece impossível, mas para os alunos de Fotografia da Facopp, não é. Na disciplina de Conceitos Fotográficos, o professor Roberto Mancuzo, faz com que os estudantes explorem os outros quatro sentidos além da visão: olfato, paladar, audição e tato.
A matéria é considerada introdutória, pois têm como objetivo fazer com que o discente entenda conceitos básicos da fotografia, mudanças que foram geradas no decorrer do tempo, além de estudar sobre os grandes fotógrafos da área, de forma a nortear o aluno e prepará-lo para as produções.
Erick Silva de Souza Aguiar entrou recentemente no curso e para ele a audição foi o sentido mais utilizado na experiência de fotografar de olhos vendados. “Eu acho que o ato de ouvir é a coisa mais instintiva, porque quando você escuta um barulho, já se assusta, é o seu corpo falando que houve uma mudança no sensorial”, fala.
O estudante percebeu que a teoria realmente aplica-se na prática. Numa das aulas, foi falado sobre o momento decisivo de Henri Cartier-Bresson, que é a captura da imagem no momento exato da ação. O estudante diz que o fotógrafo só conseguia fazer esse trabalho, pois não utilizava somente o olhar e sim, os sentimentos.
“Desconstrói bastante a ideia que temos do que é tirar foto, pois sempre relacionamos ao campo de visão, mas na verdade, a boa fotografia só existe quando você se desprende dessa ideia”, conclui Erick.
Para Mancuzo, o intuito da disciplina é sair da zona de conforto e quebrar com a ditadura que se tem no próprio olhar, que muitas vezes, impede até mesmo de enxergar o óbvio.
“O exercício é para fazer o aluno pensar que não é o olho que vai ser o único sentido prioritário. Quando você tira a visão dele, vem o medo, a preocupação, aquela sensação de: ‘poxa, agora não vai dar para fazer nada’, mas que em meia hora depois, a fotografia começa acontecer a partir da mobilidade sensorial e ele entende que não é só a visão que produz a foto”, afirma o professor.