Conheça a influência de Portugal na vida de professora da Escola de Comunicação

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Abner de Souza (repórter), Rodrigo Gonçalves (editor) e Sabrina Vansella (repórter), especial para a Escola de Comunicação
26/04/2022 às 12h

Giselle e a filha Maria Clara (ao meio) juntamente as matriarcas portuguesas da família: a mãe Manuela (a esquerda) e a avó Francelina (à direita) (Foto: Cedida/Giselle Tomé)

Não é surpresa para ninguém que o Brasil é composto por toda uma miscigenação de povos vindos dos quatro cantos da Terra. Quando olhamos nossas raízes genealógicas, nos deparamos com as mais diversas etnias, sejam elas europeias, asiáticas, africanas ou tantas outras.

Com Giselle Tomé, 43 anos, não seria diferente. A jornalista e professora da Escola de Comunicação e Estratégias da Unoeste carrega o legítimo sangue lusitano. Com os pais e avós sendo portugueses, mas ela nascida no Brasil, a professora possui dupla cidadania. Para ela, se reconhecer como uma cidadã, sendo portuguesa e brasileira, faz com que a sensação de pertencimento esteja presente. Giselle cita também que o fato de ter esse direito fez com que ambas culturas fossem de grande impacto na vida. 

“Uma coisa muito presente, no meu caso, é a religiosidade. Na minha casa sempre teve muito a presença de Nossa Senhora de Fátima e, no Brasil, era mais Nossa Senhora Aparecida. Às vezes eu ficava: ‘será que é errado ter mais a imagem de Fátima do que da Aparecida, aqui no Brasil?'”, brinca Giselle.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima é muito cultuada pelos portugueses. A aparição mariana aconteceu pela primeira vez em 1917, na cidade de Fátima, em Portugal. Na ocasião, a santa apareceu diante de três pastorinhos. Desde então, ela é considerada a padroeira do país, tendo a festa celebrada sempre no dia 13 de maio. 

Está a comer um bom bacalhau

Giselle comendo o prato mais tradicional português: o bacalhau. (Foto: Cedida/Giselle Tomé)

Como uma boa portuguesa, Giselle conta que a culinária lusitana é um dos pontos mais presentes na vida. Ela comenta também que em quando casou-se, ao invés de serem servidos bem-casados, os quitutes foram pastéis de nata. “Eu fiz minha prima vir de São Paulo a Prudente com o carro cheio de pastéis. O carro ficou com o cheiro por umas três semanas”, relembra com bom humor. 

Para quem não está familiarizado, os pastéis de nata são doces tipicamente portugueses feitos à base de ovos. A guloseima também é popularmente conhecida como “pastéis de Belém”, nome dado em homenagem a um bairro de Lisboa. O doce é um dos pratos mais típicos de Portugal, juntamente com o bacalhau.

E como falar desse país sem lembrarmos do bom bacalhau. O peixe, para Giselle, tem imensa presença no cardápio, ainda mais na Sexta-feira Santa. “Quando chegamos nesse período, não importa o preço, sempre tem que ter bacalhau. Se estiver R$200 o quilo, tem que ter, mesmo que seja uma lasquinha para cada um”, declara. Ela conta que na ocasião, o vinho e a boa música tradicional portuguesa também marcam presença.

Passaporte carimbado

Giselle conta que, quando completou 15 anos, viu-se diante de uma árdua escolha para uma garota naquela idade. “Meu pai me disse para escolher entre uma festa de debutante ou uma viagem para Portugal. Então eu escolhi a viagem e fui para lá.”, relembra. Ela conta que como foi a primeira vez no país, ficou com muito medo. “Eu tinha uma cabeça muito diferente, as coisas também não eram iguais hoje. Não tinha como avisar minha mãe a qualquer hora e usar telefone era super caro.” 

“Quando eu cheguei, conheci um mundo totalmente diferente. Os costumes, o jeito de falar. Eles falam alto e muito ao pé da letra. Então se eu falar algo na brincadeira, eles podem entender como algo diferente. Foram muitas mudanças de palavras, de termos e tudo, mas foi uma experiência maravilhosa”, lembra Giselle.

Ela ressalta que retornou ao país quando completou 25 anos. “Eu estava com outra cabeça. As coisas tinham melhorado bastante, tinha avançado bastante, era outro lugar que eu estava conhecendo.” Esse avanço notado por Giselle, refere-se à entrada do país na União Europeia. Quando ela visitou Portugal pela primeira vez, a nação era recém-chegada ao bloco econômico.  

“Depois eu tive outra oportunidade, visitei Portugal de novo, desta vez com minha filha, e sempre indo ver a família.” Giselle pontua que desta vez visitou Coimbra, antiga capital portuguesa e lar de uma das mais antigas universidades ainda em atividade do mundo. Ela menciona também que tem um tio que leciona no local. 

Além de visitar a Universidade de Coimbra, Giselle visitou também a Universidade de Aveiro (Foto: Cedida/Giselle Tomé)

Reunião de família 

“Minha avó chegou naquela idade que acha sempre que vai morrer. Então sempre quer ver os filhos, então fica nessa ponte [Brasil e Portugal]”. Ela conta que, por conta da avó, sempre tem que acontecer uma reunião da família. “Todos os meus tios já vieram para o Brasil, menos uma que tem um restaurante em Aveiro. “Daí, meus tios se reuniram e foram para Portugal.”

Giselle cita também que a família vive na ponte aérea. “Meus pais têm residência em Portugal, mas está um pé de guerra. Eu quero ir para lá de novo, mas meu marido não gosta muito da ideia. Ele diz sempre, ‘para que ir novamente, já conheceu tudo’”, diz em tom de brincadeira. 

Para ela, visitar o país é bem mais do que conhecer lugares. Giselle conta que, quando visita Portugal, se sente portuguesa. “Eu vejo meus tios, minhas primas. Então, assim, quando junta minha família, fazemos tudo o que um bom português faz.”

Giselle conta que quer incentivar as filhas a exercer a cidadania portuguesa. “Eu penso na possibilidade de minhas filhas quererem vivenciar outras coisas, experimentar outras coisas, então quero estimulá-las. Diferente de mim, eu tinha muito medo, mas acho que minhas filhas não vão ter esse bloqueio.” Ela considera também que a atitude que possui juntamente com o marido, pode incentivar ainda mais nessa amplitude de visão das filhas. 

Giselle juntamente com a família em uma das típicas reuniões (Foto: Cedida/Giselle Tomé)

Como tirar a dupla cidadania portuguesa? 

Giselle ao lado de uma estátua de cera do icone português, Cristiano Ronaldo (Foto: Cedida/Giselle Tomé)

Giselle explica como é o processo para conseguir a dupla cidadania. “O meu não foi complicado por conta da minha mãe ser portuguesa. Ela e minha avó já tinham documentação no consulado. Já é mais complicado quando é um bisavô ou uma bisavó, por conta da falta de documentação.”

Ela cita também que há a necessidade de entrar no site do Consulado Geral de Portugal e realizar o processo. Segundo o domínio, “filhos de cidadãos portugueses, bem como netos, cônjuges […] têm direito a requerer a nacionalidade portuguesa.” É ressaltado também que os indivíduos nascidos nas ex-colônias portuguesas e aqueles que por algum motivo tenham perdido a nacionalidade portuguesa têm direito a requerer.

A professora conclui mencionando que o consulado possui uma parceria com a Associação Comercial de Presidente Prudente, possibilitando assim que o processo seja mais prático e rápido. “Não preciso ir a São Paulo para realizar o processo, isso torna mais fácil”, finaliza. 

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