Descubra tudo o que você precisa saber sobre RPGs de mesa

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Abner de Souza (redator), Sabrina Vansella (editora) e Rodrigo Gonçalves (repórter), especial para o Portal Escola de Comunicação
21/06/2022 às 12h

O D20, como o da ilustração, é um dos dados multifacetados utilizados em RPGs. O objeto possui 20 lados (Arte: Abner de Souza)

A quarta temporada de Stranger Things saiu recentemente e a internet não sabia falar de outra coisa a não ser sobre o seriado. Mas você sabia que a produção também foi responsável por colocar em pauta outro assunto? Segundo o site Yahoo! Esportes, o sucesso da série trouxe de volta aos holofotes os RPGs de mesa, febre entres os geeks a partir da década 1970. 

Você agora deve estar se perguntando, o que de fato são RPGs de mesa? Como eles funcionam? E nós temos essas respostas! O Portal Escola de Comunicação conversou com um ex-aluno e outros jovens para explicar como o jogo funciona. Então pegue sua ficha, coloque seus pontos de habilidades e crie seu personagem, pois, agora, sua aventura pelo mundo fictício dos Role-Playing Games (ou, Jogos de Interpretação de Papéis) começa. Venha nessa campanha e não seja apenas um NPC.

I – Tudo começa em uma taverna: o encontro com o mestre

As tavernas (bares medievais) são cenários recorrentes para a ambientação de RPGs, principalmente aqueles baseados em épocas feudais (Arte: Abner de Souza)

_ Em uma terra mitológica, cheia de criaturas lendárias e fantásticas, havia uma taverna em meio a uma floresta. Lá, há uma figura sentada no canto do local, afastado de tudo e todos. Você, como bom guerreiro(a) (ou qualquer que tenha sido a sua classe), se aproxima. Eis então que a figura se revela. Seu nome?

_ Gabriel Erran, 25 anos, publicitário formado na antiga Facopp e mestre de mesa.

O jovem conta que joga RPGs há cerca de 10 anos, mas sua paixão pela cultura vem desde sua infância. “É um jogo onde se utiliza muito da imaginação. O mestre descreve um universo e vai colocando situações nas quais os jogadores, com os personagens, descrevem as ações e utilizam da rolagem de diferentes dados para determinar o sucesso ou falha delas”, explica Gabriel.

Ele conta que há grandes diferenças e semelhanças entre ser um jogador e ser um mestre, como, por exemplo, na construção da história. “O mestre cria o universo e os caminhos para os jogadores, mas são as ações dos personagens que escrevem cada capítulo daquela história, resultando assim no RPG”, explica

“Já a diferença que eu sinto é que como jogador, você vivencia uma aventura, busca progredir e crescer, algo mais pessoal. Entretanto, o mestre leva a diversão para todos, abordando cada pequena história e levando cada vez mais desafios aos jogadores”, completa.

Gabriel pontua também que viver aventuras como jogador é algo incrível, mas criar sua própria história, enigmas e desafios e ver seus amigos superando é a melhor parte de ser mestre, ainda mais sendo redator publicitário.“Você cria para os outros, espera pela próxima partida para ver a reação dos jogadores com cada reviravolta da história.”

Ficou interessado em ser um mestre de mesa? O jovem conta que é preciso ter dedicação, paciência e empatia. É necessário também estudar e pegar algumas referências sobre o universo antes de criá-lo, como: qual será o tema, as raças, armas e/ou poderes disponíveis para os personagens. “Isso só vai aumentando com o passar da história. Paciência para ajudar, explicar e conduzir os jogadores pela campanha e a empatia para não ser um carrasco, acabando com os jogadores, mas oferecendo estímulos para que eles cresçam. São aprendizados que um bom mestre pode ensinar para o jogador levar para toda a vida”, pondera. 

“Quer viver uma aventura como alguém que sempre quis ser? Essa é sua chance! Escolha suas habilidades e venha jogar você também!”, entoa Gabriel.

Já para ser um bom jogador, o mestre compartilha seu conhecimento e comenta que “é necessário ter principalmente interesse. Quem se dedica em jogar, acompanhar a história é o melhor tipo de jogador.” Ele cita também que sempre aborda temas atuais e inclusão, seja como jogador ou mestre, pois quer um ambiente saudável para todos. “Não temos espaço para preconceitos. Não podemos deixar o respeito e educação de lado por ser em um mundo de fantasia”, avalia. 

_ Após ouvir tudo o que o mestre diz, você, exímio jogador(a), fica interessado(a) para saber mais sobre esse mundo novo que acabará de conhecer. Fica decidido então sua partida para desbravar novos horizontes, a fim de descobrir novas possibilidades dentro deste vasto universo. Você pega sua arma e sai em direção ao alto de uma montanha mítica. 

Ficou curioso para descobrir o que acontece? Deslize a tela um pouco mais para baixo e inicie o segundo capítulo da sua jornada.

II – Além do tempo: o contraste do antigo e novo

Nos universos dos RPGs não há limitações de tempo e espaço, podem ser feitos enredos que vão desde eras antigas até as futuristas (Arte: Abner de Souza)

_ Ao chegar a seu destino, você se depara com um mundo totalmente novo, repleto de tecnologia. Lá, habita um viajante do tempo, que traz boas novas sobre o futuro desse universo recém-descoberto. Ele se identifica como João Pedro Maroto, 19 anos, estudante, e conta a você que sabe coisas sobre os RPGs, que há muitos anos, não poderiam nem ser imaginadas. Você então se acomoda e ouve o que ele tem a lhe dizer.

João Pedro declara que está inserido nesse universo geek desde os 13 anos. “Comecei jogando Tormenta, um RPG 100% feito no Brasil. Na época, jogávamos presencialmente, usando livros. Reunir todos era bem complicado, muitas vezes já tive que cancelar mesas porque alguém furou”, complementa.

Atualmente, o jovem e seus colegas de mesas jogam RPGs onlines, que seguem o mesmo pretexto dos antigos, mas que agora são inseridos no meio digital. “Era difícil reunir todos em um lugar só, pessoas se mudam, conhecemos outras pessoas pela internet, vários fatores fazem com que seja muito mais simples jogar online”, justifica.

“O passo a passo é praticamente o mesmo, sempre começamos fazendo a ficha, a diferença é que ao invés de papel, lápis e borracha, nós utilizamos o mouse e o teclado para preencher as informações, durante o jogo, os dados são rolados digitalmente. Em resumo, o processo online acaba por ser mais rápido”, contextualiza.

Outra ferramenta utilizada de forma online, segundo João Pedro, são os tokens, as peças que representam cada personagem. “Pode-se usar um pdf para a ficha e uma imagem qualquer para o token, ou então fazer o uso de plataformas que integram tudo de maneira mais dinâmica.”

Entretanto, o jovem comenta que mesmo sendo mais fácil jogar de forma remota, há grandes diferenças entre as duas modalidades. “O problema é que jogar presencialmente também tem a sua imersão especial, interpretar os personagens pessoalmente é muito único, é possível passar as emoções para os outros jogadores de maneira mais viva, seria basicamente a diferença entre assistir a uma peça pela televisão ou estar num teatro na primeira fileira.”

“A emoção de poder festejar um grande momento cara a cara com seus companheiros é completamente única”, avalia João Pedro.

João diz que utiliza o aplicativo Discord para se comunicar com os outros jogadores e o Roll20 para rolar os dados, armazenar as fichas, ver imagens e informações do jogo e interagir com as lutas por meio do tabuleiro. “Existem pessoas que não utilizam nenhum tabuleiro, tal prática é chamada de teatro da mente, eu particularmente não gosto muito, tira a parte de jogo da equação, torna tudo quase totalmente catártico, ROLE-PLAY não é RPG sem o GAME”, pondera.

_ Seus olhos brilham diante a tudo o que lhe fora dito. Mas, você sente no íntimo do coração que ainda falta uma peça para que tudo faça sentido em sua vida. Algo te vem à mente, “onde posso encontrar o conhecimento que falta?” Óbvio! Nas escrituras! E você sabe justamente onde elas estão guardadas. As despedidas foram feitas, suas coisas bem armazenadas, e então sua última quest começa!

Quer continuar? Então vamos para o próximo capítulo!

III – Antiga linguagem: um glossário para os novos jogadores

Os livros são grandes fontes de criação para enredos de campanhas de RPGs (Arte: Abner de Souza)

_ Você chega ao seu último destino antes da verdadeira aventura começar. Ao adentrar a biblioteca, você enxerga milhares de livros que contém a antiga linguagem dos RPGs, um idioma falado apenas por aqueles que são dignos de coração. Mais a frente, há um sábio, protetor do conhecimento. Seu nome é Diego Santos, 22 anos, técnico em informática. Ele então se propõe a te ensinar os dialetos desse universo. 

Diego joga RPG há cerca de cinco anos, mas parou recentemente devido à falta de tempo e de companheiros para a jogatina. “Eu fui influenciado por um amigo a entrar nesse universo. Ele era muito fã de Senhor dos Anéis, leitura obrigatória para um bom mestre”, conta.

Devido ao fato de jogar constantemente há alguns anos, Diego acabou por aprender as “gírias” utilizadas por jogadores e mestres de RPGs. Ele explica que o termo campanha se trata “de uma trama vivenciada pelos jogadores, em uma ou mais sessões. Por exemplo, seguindo uma história genérica num mundo futurista, os jogadores irão seguir esse enredo, podendo ser concluída em um ou mais dias, caso a história se desenrole muito.” 

Já o termo turno é descrito como “a vez do jogador(es) fazer(em) uma ação, em conjunto ou não, ou a vez dos mobs. Mobs são apelidos para monstros controlados pelo mestre da mesa, quando se encontram em um jogo de mesa ou pelo computador, quando o RPG é eletrônico.” 

E o título dessa matéria? O que significa? “NPC vem do inglês, Non-player character, ou personagem não jogável. Estão ali na trama para os jogadores interagirem com eles, ou ‘comercializarem’, entre outras práticas reais abstraídas para este mundo fantasioso”, esclarece. 

“RPG de mesa é como um sonho acordado, como diz Albus Dumbledore: ‘porque quando sonhamos, entramos em um mundo inteiramente nosso’”, reflete Diego.

Tem mais algo que precisamos saber? Segundo ele, sim! “Crítico. O crítico é um ataque efetuado com máximo sucesso contra algum mob ou jogador.” Há ainda um um último termo importante, segundo Diego, o significado da palavra quest. “Esse termo remete à missão. Missão são tarefas que um jogador ou mais podem realizar para obter recompensas. Seja acabar com uma onda de javalis selvagens que atacam lavouras ou lutar com um mestre das trevas”, explica.

_ Agora seu coração sente que você está pronto para começar essa jornada! Sua verdadeira missão se revela… e ela é a seguinte: Recrute alguns amigos para participarem de uma aventura extraordinária com você. Seja com papel, lápis e borracha ou pela internet. 

_ Vá nobre jogador(a), sua aventura acaba de começar.

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