Por João Bachega, em nome da equipe 2025
29/09/2025, às 16h15

O lazer é um direito, mas muitas vezes se torna privilégio. Em Presidente Prudente, no entanto, jovens vêm provando que é possível reinventar o que é diversão, mesmo quando o bolso pesa ou está completamente vazio. Com criatividade, apoio comunitário e, mais recentemente, políticas públicas como a gratuidade do transporte aos fins de semana, surgem alternativas acessíveis para quem quer curtir a cidade sem comprometer as contas do mês.
A reportagem sobre os “rolês de até R$50” é mais do que um guia econômico de diversão. Ela é uma lente para um cenário em que o lazer precisa caber no orçamento ou simplesmente não acontece. Em tempos de inadimplência crescente e orçamento apertado, especialmente entre jovens de 18 a 25 anos, pensar em lazer também é pensar em saúde mental, pertencimento e direito à cidade.
Espetinhos a R$10, drinks promocionais por R$2,99, parques abertos, eventos culturais gratuitos, encontros entre amigos em praças e cafeterias com preços honestos. O recado é claro: não é preciso luxo para viver bons momentos. Mas também é impossível ignorar o contexto que força a popularidade desses rolês low-cost. A escolha pelo “bar ou balada” nem sempre é estilo de vida, muitas vezes é necessário.
Afinal, o jovem que divide os dias entre trabalho, faculdade e transporte não está apenas buscando lazer. Está tentando manter o equilíbrio. E se até a diversão se torna motivo de culpa, como mostrou o depoimento de uma estudante preocupada com as finanças, algo está fora do lugar.
É aí que entra o papel do poder público. A gratuidade do transporte coletivo aos fins de semana não resolveu todos os problemas, mas foi um passo importante. Com isso, o que antes era gasto com passagens pode virar ingresso, lanche ou uma tarde no Sesc. É uma medida simples, mas que transforma o acesso e transforma vidas.
Ainda assim, é preciso avançar. Ampliar investimentos em cultura, descentralizar opções de lazer, oferecer mais espaços públicos bem cuidados e fomentar eventos gratuitos são caminhos para garantir que lazer não seja um “refresco”, mas uma constante. Porque todo mundo merece parar, respirar e sorrir, mesmo com pouco no bolso.
Mais do que aplaudir a criatividade de quem faz muito com pouco, é hora de perguntar: por que, afinal, a diversão ainda precisa ser um esforço? Quantos talentos deixam de florescer quando a juventude carrega nas costas não apenas sonhos, mas boletos e dívidas?
Enquanto isso, que os rolês de até R$50 sigam provando que alegria também mora na simplicidade, e que políticas públicas bem pensadas podem fazer toda a diferença.

