Sobremesa criada pela confeiteira Gracielle Marques conquistou o público ao unir criatividade culinária e o simbolismo das capivaras da Cidade da Criança
Lucas Dantas (repórter) e Enzo Mingroni (editor)
03/10, às 17h20

Lembradas por circularem livremente na Cidade da Criança, em Presidente Prudente (SP), as capivaras conquistaram um espaço especial no coração da população. Atualmente, o animal também ganhou forma em uma sobremesa que viralizou nas redes sociais: a panacota em formato de capivara.
De acordo com a administradora do restaurante e fabricante da receita, Gracielle Marques, a ideia nasceu em Campo Grande (MS), mas encontrou em Presidente Prudente um jeito fácil de encantar clientes, principalmente pelo carinho já existente com o animal.
“Lá tem muita capivara na rua e os meninos tiveram a ideia de fazer a panacota em formato do animal. Foram atrás da forminha, da receita e começaram a testar até chegar no ponto ideal”, explica Gracielle.
Segundo ela, os clientes de Prudente confundiam o cardápio do restaurante da cidade com o de Campo Grande e começaram a pedir a sobremesa. Por causa disso, ela sentiu a necessidade de trazer o doce para o Oeste Paulista.
O doce foi colocado oficialmente no cardápio em Prudente na quarta-feira (24/09). Para Gracielle, o que torna a sobremesa diferenciada, além do formato inusitado, é um “segredinho” que não pode ser revelado.
Sucesso
Após a fama conquistada pelo boca a boca tradicional, o g1 de Presidente Prudente e região realizou uma matéria sobre a comida, mostrando o vídeo que bateu mais de 1,3 milhões de visualizações. Veja o vídeo abaixo.
“Depois que saiu a reportagem no g1, viralizou ainda mais. Teve até gente de fora de Prudente, de Campinas e Sorocaba, que veio ao restaurante só por causa da matéria. No Dia dos Pais tivemos o recorde de vendas: foram mais de 30 capivaras em um único dia”.
A ideia de produzir a reportagem sobre o doce viral não foi aleatória. A repórter Beatriz Jarins, do g1 de Presidente Prudente e Região, revelou que a sugestão partiu de uma colega de trabalho, que viu o vídeo já viralizado pelo próprio restaurante.
Com a pauta na mente, Beatriz Jarins entrou em contato com a Gracielle e realizou a entrevista. A matéria foi um sucesso e a repórter já esperava: “A gente sempre cria esperança. Saiu no Globo Rede, então teve um alcance muito bom”.
Quem experimentou, aprovou?
Para a analista de marketing e egressa da Escola de Comunicação, Marcela Cristina de Magalhães Castilhos, o que mais chamou a atenção na hora de provar o doce foi exatamente o seu formato de capivara, além de fofo, o doce é gelatinoso e balança quando chocalha.
“Muitas crianças gostam de capivara e por parecer uma geleia é mais divertido ainda. A capivara é um ser social e amigável”, diz Marcela.
Conforme a analista, a panacota é bem gostosa, com gosto não muito doce de chocolate, que não deixa enjoativo. Tem uma farofa crocante e que fecha com chave de ouro por ser tão perfeitinha que tem olhos.
“Indicaria sim [para quem não comeu], tanto que já fiz. É um doce divertido e saboroso, um pouquinho caro, mas que pelo tamanho é facilmente dividido em duas pessoas. Fiquei encantada [quando descobriu] e com vontade de experimentar”.

‘Febre’ das Capivaras
Segundo o Google Trends, nos últimos 5 anos no estado de São Paulo, o maior pico de pesquisa pelo animal foi entre o final de abril e começo de maio de 2023.
Esse dado ganha ainda mais relevância, pois neste mesmo período, uma capivara chamada de Filó, era a estrela das redes sociais do influencer Agenor Tupinambá. Ela foi entregue ao Ibama após uma disputa judicial e a ação levantou debates no país inteiro.
Uma reportagem da BBC News, no portal g1, também cita que, nesta época, a procura cresceu pela viralização mundial da música “Capybara”, criada por um jovem russo no mesmo período.
Desde então, as capivaras começaram a estar mais presentes na vida das pessoas, seja pelo sentimento de fofura ou curiosidade.
Em Prudente
Para os prudentinos, visitar a Cidade da Criança quase sempre significa cruzar com grupos de capivaras descansando ou caminhando em meio à natureza. Por isso, o animal acabou se tornando parte da identidade local e da memória afetiva de quem cresce na região.
E não foi diferente para a estudante do 2º Termo de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação e Estratégias Digitais da Unoeste, Maria Eduarda Voznhaki Oliveira, que é uma fã de capivaras. Para ela, o animal transmite calma, mesmo com pessoas por perto.
“É um animal simpático e de porte médio-grande, que parece um roedor gigante e vive quase sempre próximo da água em bandos. A capivara conquistou minha admiração por mostrar que é possível ser forte sem ser agressiva, vivendo em harmonia com o ambiente e com os outros”, relata.
Segundo a estudante, essa paixão surgiu quando ela encontrava os animais à beira de estradas e ia à Cidade das Criança admirá-los em bandos. “Acredito que a capivara seja, sim, um símbolo da nossa região. Ela representa bem a conexão entre a cultura local e a natureza, sendo um animal típico dos rios”, afirma Maria Eduarda.
O que a diferencia de outros é, de acordo com a aluna, a sociabilidade e a mansidão. Enquanto muitos animais se isolam ou recorrem à agressividade, a capivara vive em grupo de maneira tranquila e harmoniosa.
“Se eu tivesse que resumir a capivara em uma palavra, seria: mansidão ou serenidade. Minha vida seria triste, pois não teríamos a paz e a fofura que as capivaras trazem”, comenta.
Se antes a capivara era lembrada apenas por “passear” na Cidade da Criança, agora também está presente no cardápio e na memória dos clientes. Uma forma doce de reforçar o vínculo entre a cidade e seu animal mais icônico.
