Por que o futebol é uma prioridade na programação televisiva?

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Ana Laura Rena, Rayane Pedroso e Sara Sant´ Anna Silva
18/12/2022 às 11h

Arte: Matheus Rossetto

Você já sentiu falta de algum esporte sendo transmitido em uma rede de televisão ou percebeu que algumas modalidades esportivas não são transmitidas com tanta frequência quanto o futebol? Muitos amantes de esportes em geral, não encontram grandes opções de canais abertos para assistir a jogos ou competições de modalidades, como tênis, vôlei e basquete.

Com as Olimpíadas de 2021, a identificação do brasileiro com modalidades como ginástica artística, atletismo, skate, entre outros, cresceu ainda mais. As transmissões, que não são tão comuns no nosso dia a dia, fizeram com que muitos brasileiros parassem em frente a TV para torcer pelo ouro olímpico. Após o término das transmissões, as expectativas em relação ao espaço dessas modalidades na grade televisiva foram quebradas, já que mesmo com um grande público acompanhando, não há transmissões tão frequentes. 

Segundo o supervisor de programação da TV Fronteira Paulista, Márcio Rocha, são levados em consideração os horários de jogos, interesse do público e o direito de imagem que cada emissora detém para transmitir uma partida.

Rocha destaca também a duração de cada jogo ou objetivo daquela modalidade. “Esportes como o tênis. que uma partida pode levar horas, ficam inviáveis para transmissão em TV aberta”, acrescenta considerando que na televisão existe uma programação diária a ser seguida. 

Atualmente o futebol é transmitido em quatro canais abertos distintos no Brasil, entre campeonatos nacionais e internacionais. O streamer Casimiro Miguel, o Cazé, pela plataforma de vídeos Youtube, exibiu 22 partidas da Copa do Mundo de Futebol, de 2022, e quebrou o recorde mundial de lives no mundo com uma audiência de 5 milhões de views simultaneamente. “Certamente o futebol é o esporte mais consumido no Brasil, independente da plataforma e com isso o maior interesse das emissoras na transmissão dos jogos. A audiência direciona para isso”, explica Márcio.

Por outro lado

A professora da Escola de Comunicação e Estratégias Digitais da Unoeste Thaisa Bacco explica que as transmissões esportivas podem interferir, sobremaneira, na programação, especialmente em dias de esportes cujos “direitos de transmissão” são comprados pela emissora.  “Trabalhei na Globo no período em que o futebol e, posteriormente, o vôlei, ditavam o tempo de duração dos telejornais, que chamamos de FADE. Ou seja, os jornalistas iam saber o tempo total que tinham para a edição do telejornal do dia, somente ao final das partidas”, conta.

Por essa interferência, as emissoras precisam considerar diferentes aspectos ao escolher a modalidade que será transmitida. Bacco também reconhece que hoje em dia, o futebol ainda é uma prioridade, mas que, nos últimos anos, outros esportes têm ganhado espaço e os canais fechados também têm investido nisso.  “Temos que considerar que a emissora líder de audiência no país não detém mais os direitos de transmissão de tudo como antigamente. A concorrência fez o mercado mudar bastante”. 

Do ponto de vista jornalístico, de acordo com Thaisa, não há e não deve haver prioridades. “No jornalismo tem notícia. O problema maior é que os jornalistas muitas vezes se pautam por suas próprias realidades e as condições muitas vezes não são favoráveis para novas apurações”, reflete.

Ela também fala sobre seu incômodo a respeito de assuntos que não encontram espaço para serem divulgados, por questões políticas ou econômicas, mesmo que por critérios de noticiabilidade, sejam notícia. “Como defender diversidade e pluralidade de ideias se não damos esse exemplo na programação. Os jornalistas precisam abrir os olhos para esse cenário”, avalia.

E você, como você diversificaria a programação esportiva no Brasil? Qual esporte você queria encontrar na grade da programação da TV aberta e mesmo nos streaming?

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