Isolamento social traz à tona reflexões sobre o ócio criativo

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13/05/2020 às 09:30
Daniel Alvarez, Luana Souza e Melissa Andrade

Uma das opções de lazer que tem aumentado no período de quarentena é o ato de assistir filmes em plataformas de streaming (Foto: Melissa Andrade)

O momento de isolamento social em virtude da pandemia do coronavírus trouxe à tona diversos assuntos, dentre eles a falta de atenção que temos com a nossa saúde mental no dia a dia, devido à correria da rotina. Mesmo em quarentena, observa-se que isso permanece em muitos casos, nos quais as pessoas só pensam em serem produtivas e esquecem o tempo de lazer, o equilíbrio proposto pelo ócio criativo.

Definição criada pelo sociólogo Domenico de Masi, o ócio criativo se trata de um equilíbrio entre as atividades profissionais e as de lazer pessoal. A docente dos cursos de Psicologia e Medicina da Unoeste, Camélia Santina Murgo, explica que o termo na verdade é uma proposta de melhor aproveitamento do tempo livre e uma redução nas jornadas, na qual é considerada a possibilidade de trabalhos a distância, com um tempo menor de permanência nas instituições.

“O ócio criativo associa-se, portanto, a uma equilibração entre o tempo que permanecemos nas nossas atividades profissionais e o tempo que dedicamos a nossa vida pessoal, a nossa família, às atividades culturais e de lazer. E essa equilibração é fundamental para o desenvolvimento da nossa criatividade”, pondera.

Camélia conta que praticar o ócio criativo implica em otimizar o dia a dia inserindo atividades como leituras, estudos, lazer e também o trabalho. Ela explica que o segredo é identificar leituras que nos estimulam e atividades de lazer que nos trazem satisfação.

Dentre as atividades de lazer, encontra-se o ato de assistir produtos audiovisuais, como filmes e séries. Luiz Dale Vedove, professor da Facopp, conta que durante esse período houve uma intensificação notável no consumo de séries e filmes, embora a produção tenho sido paralisada.

O docente lembra que há materiais incríveis disponíveis em plataformas. “Esse é um momento de prestigiar as artes, que atualmente são as nossas companhias nesses tempos de isolamento. A arte continua, mais do que nunca, sendo a nossa janela, a porta de entrada para as novas descobertas. Do mundo e, sobretudo, de nós mesmos.”

MUDANÇAS DE HÁBITO

A quarentena está fazendo com que muita gente mude de hábitos, para os facoppianos não está sendo diferente. João Victor Novais Rodrigues, estudante do 5º termo de Publicidade e Propaganda, conta que antes do início da quarentena seguia um plano que se dividia entre estudos e lazer, algo que não tem conseguido manter. Por estar em casa, ele afirma que acaba passando mais tempo no lazer.

Apesar de ter seu tempo separado para o ócio criativo, João diz observar um comportamento diferente nas pessoas em geral. “Eu acho que a galera se cobra mais do que o necessário na quarentena, ficando apenas no dever. Eles deveriam pensar que se divertir um pouco faz bem, principalmente nesse momento estressante.”

Durante a quarentena Giselle pôde voltar a pintar em tecidos, um de seus passatempos (Foto: Cedida)

Quem também observa uma cobrança excessiva por parte das pessoas é a jornalista e professora da Facopp Giselle Tomé. Por atuar na área acadêmica, até ela mesma acaba se cobrando bastante. “Eu me sinto cobrada às vezes, porque eu vejo que têm colegas que estão produzindo um monte por estarem em casa. Penso que eu deveria estar fazendo isso também, escrevendo um artigo para quando voltar tudo ao normal eu poder publicar.”

Apesar da autocobrança, ela compreende a necessidade do ócio criativo e acha importante reservar um tempo para o lazer. Dentre as atividades realizadas por ela na quarentena, Giselle destaca tocar instrumento e ficar com as filhas. “Amo o momento em que posso ficar com elas, e tenho tido muita vontade de voltar a pintar em tecido”.

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