Jovens transformam a paixão pela dança em competições

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Estudantes conciliam rotina acadêmica com ensaios, acumulam vitórias regionais e vivem experiências marcantes

Ana Clara Magro (repórter e editora) e Maria Clara Catuchi (pauteira e repórter)
29/09/2025, às 17h

Grupo prudentino Urbanu’s apresenta mashup de músicas em Garça (SP) (Foto: Acervo pessoal de Isabela Gualberto, registro feito pela @balletemfoco)

Para muitos jovens, dançar é definitivamente muito mais do que puro divertimento. O que começa como um simples “hobby” logo se transforma em dedicação a ensaios, apresentações e competições, trazendo crescimento pessoal, fortalecimento de vínculos e, principalmente, muitas memórias e histórias que apenas a dança pode proporcionar.

Isabela Gualberto vive uma rotina tripla sendo estagiária, estudante do 4º termo de Design Gráfico e integrante do grupo Urbanu’s.  Ela conta que se interessou pelo street dance (dança de rua) ainda criança, reproduzia coreografias que encontrava no YouTube, até começar a frequentar as aulas de uma escola em Nova Andradina (MS).

“Aí eu me mudei para Presidente Prudente, por conta da faculdade, e uma das primeiras coisas que eu fiz foi procurar por aqui também, onde tinha danças urbanas. Aí eu encontrei o Instagram do Urbanu’s e entrei”, ela recorda do momento que se juntou a formação em 2024.

Outro integrante do grupo desde 2021 é Ali Akemi, do 2º termo de Publicidade, que estreitou laços com Isabela e se tornaram amigos por conta da dança e por compartilharem o mesmo cotidiano. “Nós ensaiamos aos sábados, das 13h30 às 15h30, mas quando estamos nos preparando para competições, é muito corrido porque ensaiamos às terças e quintas depois da faculdade, até meia-noite”. Mas, no fim do dia, para eles, o cansaço e o esforço são recompensados pelas experiências das competições.

Grupo Urbanu’s exibindo o troféu de terceiro lugar na primeira competição fora de casa  (Foto: Acervo pessoal de Isabela Gualberto)

Quando a dedicação encontra o desafio 

Ali recorda que o Urbanu’s começou a competir em 2023, no evento Promodança, promovido pelo Núcleo de Ensino da Música (NEM), conquistando o primeiro lugar neste mesmo ano e nas edições de 2024 e 2025. A trajetória nas competições se expandiu, quando eles participaram em julho, pela primeira vez, de um evento fora de Presidente Prudente, em Garça (SP), e atualmente estão se preparando para se apresentar em Londrina (PR) em outubro.

Essas vivências não os marcam apenas pelos resultados, mas pela experiência de viajar juntos e representar a cidade em outro cenário. “Eu gosto muito de como os dias são agitados, corridos, ficar horas lá esperando e fazer passagem de palco, ensaiar, ver as pessoas se arrumarem, ver a posição que os grupos estão, em qual vamos ficar”, explica Ali.

Ali se interessou pela dança aos 12 anos e continua praticando novos passos (Foto: Acervo pessoal de Ali Akemi)

Apesar da experiência acumulada, Isa diz que o nervosismo ainda acompanha os dançarinos a cada competição, sempre surge aquele frio na barriga e expectativa, como se fosse a primeira vez em todas as apresentações. “Quando você está no teatro, prestes a entrar no palco, sobe um nervosismo. Você fala ‘mano’, eu vou esquecer tudo, mas é agora, tem que entrar’, e quando entra, pisca e já acabou. As coisas acontecem muito rápido!”, complementa.

Isa (à esquerda) e Ali (à direita) são amigos que partilham a paixão pelo street dance (Foto: Acervo pessoal de Isabela Gualberto)

Porém, gestos simples como apoio e incentivo entre os integrantes, transformam a tensão e os preparam para encarar desafios.

“Eu lembro uma vez, em uma das competições no Promodança, que eu estava na coxia, e estava muito nervosa. Então o Ali chegou, colocou a mão no meu coração e a outra no dele, e falou: ‘Olha, eu também estou nervoso, está tudo bem’. Aí eu entrei lá e deu tudo certo”, Isa conta.

De volta aos clássicos

As apresentações não existem apenas na dança contemporânea, a trajetória da aluna do 6° termo de Publicidade, Gabrielle Fontan, começou aos 5 anos praticando ballet clássico. “Também fiz street dance e atualmente continuo com jazz e sapateado. Com certeza, a dança é a minha válvula de escape de tudo”, declara. 

Quando entrou na faculdade e ficou um período sem dançar, percebeu o tamanho do vazio: “Eu sabia que amava dançar, mas depois que fiquei realmente sem contato com a dança, enlouqueci… Para mim, a dança é identidade. Não existe minha vida sem ela.”

Ao ser questionada sobre suas memórias mais marcantes, lembra da sensação em dançar seu primeiro solo de ballet clássico, experimentando sozinha a dimensão do risco e do controle. Depois, conquistou o papel de Julieta no espetáculo inspirado no filme “Encanto(2021) da Disney. “No último dia de apresentação, foram quatro sessões. Na última música, chorei de verdade no palco.” O choro não veio de nervosismo, mas de síntese: eram 12 anos contínuos que culminaram em um papel central, na fronteira exata entre técnica e afeto.

A vida competitiva de Gabi é vivida no grupo avançado de jazz da escola Beth Libório, onde já subiram no pódio do Festival Promodança de 2022 e, por meio dele, ganharam uma vaga para o Concurso Internacional Latinoamérica Danza (CILD), que ocorreu na Argentina, porém a equipe não conseguiu viajar para participar. 

A coreografia vencedora foi “Caminho da Luz”, um jazz lírico com traços contemporâneos, criado como denúncia ao Holocausto. “Dançamos de pijama listrado, no fundo da música, havia trechos de discursos do Hitler. E o final fazia alusão aos campos de concentração, formamos um paredão, onde íamos caindo um por um. Terminamos a primeira apresentação chorando, de tão forte que foi”, relembra Gabi.

Gabrielle se entrega ao papel de Julieta no musical de palco “Encanto”  (Foto: Acervo pessoal de Gabrielle Fontan, registro feito por @brunofernandesphoto)

No ritmo do sapateado, nasce uma professora

Outra colega que vivenciou momentos significativos com a dança é Anne de Sá, do 4º termo de Marketing. Ela e a Gabi já se apresentaram inúmeras vezes juntas. Anne começou a dançar com apenas cinco anos e até hoje, com 22, continua na Beth Libório e entrou para o projeto Dança Comunidade, onde não apenas dança suas paixões, jazz e sapateado, como também ensina.

“Como eu sou bolsista, comecei a estagiar como professora em 2019 para manter a bolsa. Minha primeira turma foi a baby class de ballet e, desde o ano passado, dou aula na turma de sapateado no Dança Comunidade, elas tem seis aninhos e sempre foram minha turma, as criei. E tenho uma turma de 18 a 20 anos na Beth, que elas viram minhas aulas, se juntaram, fizeram um mutirão, formaram a turma e deu certo”, conta orgulhosa.

As competições entraram na vida de Anne aos 12 anos graças ao jazz. As que mais a marcaram foram o Festival Internacional de Indaiatuba (SP), em que se classificaram em primeiro lugar, e em Joinville (SP), onde terminaram em terceiro. Além de ganhar, ela enriqueceu sua visão de mundo e repertório artístico. “Essas viagens são uma loucura, é um perrengue atrás do outro, mas é isso que deixa a história mais legal. Estávamos em mais de 20 pessoas numa casa com três quartos, cama em cima de cama. Assistimos praticamente todos os dias coreografias incríveis; isso enriquece principalmente quem é professor. Em Joinville, por exemplo, pude assistir uma coreografia em homenagem ao Michael Jackson que ganhou como melhor coreografia do evento. Foi incrível”, relembra.

Agora, ela encara as competições como professora e coreógrafa, podendo exercitar o seu lado criativo e aprender com suas alunas. “Nada se cria, tudo se transforma. Posso pegar passos diferentes, moldar e criar algo novo. Ensinar em competições é uma troca constante: você aprende com eles, eles aprendem com você”, explica.

Anne dá vida a Luisa, uma das filhas da personagem de Gabi, na apresentação de “Encanto” (Foto: Acervo pessoal de Anne de Sá, registro feito por @brunofernandesphoto)

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