Mariana Perussi faz intercâmbio nos EUA em meio à crise do coronavírus

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27/04/2020 às 09:30
Letícia Petile e Matheus Santiago

A jornalista trabalha na cidade de Garden City, no estado de Nova York, onde está há seis meses. (Foto: Redes Sociais)

A prudentina Mariana Perussi, 27 anos, é formada pela Facopp em Jornalismo e possui pós-gradução pela Unoeste em Marketing. Em sua carreira profissional, a jornalista trabalhou como produtora, redatora, assessora de imprensa e com atendimento ao cliente. Atualmente, está em um intercâmbio nos Estados Unidos com duração de um ano, podendo ser prorrogado por mais um. Ela resolveu largar tudo e, com o objetivo de voltar ao jornalismo, encarrou essa experiência.

“Eu falei, quero voltar para o jornalismo, quero voltar a trabalhar com televisão, que foi uma coisa que eu abri mão no momento ruim, mas amava. Então o que eu tenho que fazer? Quero me preparar melhor, viver essa experiência que não vou poder viver depois, voltar para o Brasil com mais bagagem e me recolocar no mercado de trabalho”, afirma a jornalista.

Mariana já teve uma experiência passada de viver um mês na Inglaterra, cursando inglês. Não ficou por mais tempo por conta do alto custo em se manter no país. Então, para ter um bom tempo de intercâmbio, a oportunidade que ela achou foi trabalhando como Au Pair nos Estados Unidos.

Segundo o site Cultural Care Au Pair, o programa foi criado pelo Departamento de Estado Americano em 1986 para promover o intercâmbio cultural entre famílias americanas e jovens do mundo inteiro. Mulheres de 18 a 26 anos viajam para os Estados Unidos com o visto J-1 de visitante e intercambista, para fazer um intercâmbio cultural com duração de 12 a 24 meses. Nesse período, elas trabalham cuidando dos filhos de uma família anfitriã americana, ganham uma bolsa de estudos e escolhem um curso em uma universidade americana.

A jornalista passou por um processo seletivo com várias famílias, ainda no Brasil, por Skype. Foi selecionada, contratada e viajou para os Estados Unidos. Ela trabalha na cidade de Garden City, no estado de Nova York. A família que a contratou tem descendência italiana. Ela é responsável por cuidar de três crianças: um menino de quatros anos e meio, uma menina de dois anos e meio e um bebê de três meses. Os pais e a avó também ajudam nos cuidados.

ROTINA ANTES DO CORONAVÍRUS

Nos Estados Unidos, Mariana fez dois meses de inglês. Deslocava-se três vezes por semana para as aulas, que tinham duração de três horas por dia, além de estudar em casa. Já na casa da família italiana, todos os dias ela deixava o menino mais velho na escola, ficava com a menina do meio duas vezes por semana e cuidava da bebê juntamente com os pais.

“Trabalhava de segunda a sábado, geralmente oito ou nove horas por dia, tinha dia que trabalhava menos, mas era tranquilo. A noite saía com minhas amigas, final de semana ia para Manhattan. Estava sempre planejando uma viagem, fui para Boston, já estava planejando minhas férias e do nada veio o Coronavírus”, diz Mariana.

ROTINA DEPOIS DO CORONAVÍRUS

Ela comenta que as pessoas estavam começando a ouvir falar do coronavírus, além de alguns casos que surgiam nos Estados Unidos, mas a regra era para se proteger, sem muitas orientações. “De repente, de um dia para o outro, é declarado situação de emergência. Você começa a ver as pessoas não se cruzando na rua, os lugares fechados, Nova York totalmente fechada, a Time Square vazia. A família aqui em casa começou a estocar comida e eu recebi a proibição de sair de casa”. Faz três semanas que Mariana está nessa situação.

Para a jornalista, a sensação foi de estranheza, pois foi para esse intercâmbio cheia de sonhos, pensando em viajar e do nada se viu privada de tudo isso por tempo indeterminado. “Só que ao mesmo tempo, o americano tem uma coisa muito legal que é um otimismo. Eles são muito positivos, então não se deixam abalar. Eu estou vivendo um momento surreal. As crianças estão todas em casa e a rotina mudou 100%. Está todo mundo cansado, mas mesmo assim, todos tentam não ser negativos”, afirma a jornalista, que atualmente está há seis meses nos Estados Unidos.

FUTURO

A prudentina começará um novo curso, após o termino das aulas de inglês. Provavelmente a distância, por conta do coronavírus. Sua meta é voltar ao Brasil e trabalhar na área jornalística. Porém, não sabe se retorna em outubro deste ano ou em outubro do ano que vem, pois uma Au Pair pode ficar até dois anos no país. “Brasil é minha casa, meu lar. É onde tenho minha família, meus amigos e onde eu quero construir minha vida”, diz a jornalista.

Mariana confessa que sente falta da comida brasileira. Segundo ela é muito fácil, acessível e barato comer Fast Food. Existe também muita coisa congelada e a comida saudável é mais cara.

“Sinto muita falta também do calor humano, o americano é mais reservado. As pessoas não se abraçam, não se cumprimentam com beijo no rosto. Eles são mais frios, apesar de muito mais educados e gentis”, completou a jornalista.

CARREIRA PROFISSIONAL

Mariana Perussi entrou no curso de Jornalismo da Facopp no ano de 2010. Logo, começou a fazer estágio na TV Facopp Online, onde ficou por um ano e meio. Após esse período, passou pelo processo seletivo na TV Fronteira e entrou como estagiária. Futuramente, foi contrata pela emissora como produtora, mas com a vontade de estar em frente às câmeras e não feliz com seu cargo atual, pediu demissão. “Foram dois lugares que me ensinaram muito”, afirma Mariana.

A jornalista permaneceu parada por sete meses. “Foi bem difícil, achei que seria mais fácil me relocar, mas eu não estava me sentindo preparada para sair de Prudente”. Depois desse período complicado, a jovem entrou no Sesc Thermas para cobrir uma vaga na assessoria de imprensa, pelo período de três meses. Ao final do contrato, saiu direto para a agência Luz Própria, trabalhando como redatora publicitária. Por lá, ficou quase três anos.

Mariana conta que sentiu a necessidade de entender um pouco mais desse universo. “O jornalismo estava começando nesse processo de migração, de se misturar um pouco com a publicidade, por conta das redes sociais. Eu trabalhava com digital, então fui fazer a pós-graduação em Marketing para entrar melhor nesse universo”.

Nesse tempo, a jornalista realizou um processo seletivo na Security – empresa no ramo de segurança e serviços – para entrar no departamento de marketing. Foi admitida no cargo de assistente. Nessa época, a empresa estava passando por um processo de reformulação e ela foi pega de surpresa.

 “O departamento, em cinco meses, foi desfeito. Eu fui a segunda a ser mandada embora, porque eu tinha sido a última a entrar. Ele (departamento) mudou para São Paulo, junto com quase toda a sede. Então fui demitida”, afirma a prudentina.

Logo após, entrou na agência de publicidade Raro, com atendimento ao cliente. “Eu me identifiquei muito com essa área, porque eu tinha essa coisa de lidar com as pessoas que o jornalismo tem muito”, comenta Mariana. Começou a cuidar das contas da Prefeitura de Presidente Prudente, além de outras razoavelmente grandes. Também participava e organizava eventos. No entanto, resolveu mudar.

“Eu estava crescendo e estava muito bem, mas decidi ir para os Estados Unidos de última hora. Fiz todo o processo em um mês e meio, me arrisquei, pois poderia não dar certo porque eu já iria fazer 27 anos e era a idade limite para ser Au pair. Porém, não me arrependo nem um pouco”, afirma.

DICAS

A dica que ela deixa para quem tem sonho de fazer um intercâmbio fora do país é não desistir. Conhecer outra cultura, ter contato com outras pessoas que pensam de forma diferente, com criações distintas que a fez crescer muito.

“Não desistir e estudar inglês o máximo que puder no Brasil, pois depois você chega aqui e passa ‘perrengue’. Não indico vir para os Estados Unidos do zero, porque é muito difícil. Procure também um programa que você melhor se encaixe e não desista. Se você se dedicar e colocar como objetivo, você consegue”, orienta a prudentina.

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