Isabela Gomes, Nathália Prado, Rayane Pedroso e Vinícius Antunes, especial para a Escola de Comunicação
22/06/2022 às 8h
No Brasil, a utilização de termos relacionados à baixa segurança do público feminino faz parte do vocabulário de muitas pessoas. Frases como “mulher não tem um minuto de paz” e “sofre só por ser mulher” são rotineiramente ditas e utilizadas com tom de sarcasmo, ironia e até pena. Entretanto, as técnicas de defesa pessoal são fortes aliadas para a segurança e, como formas de proteção específicas, possibilitam desde crianças até idosas a se defenderem.
Dentre algumas das lutas conhecidas, como Muay Thai e Kung Fu, o Krav Maga se destaca na precisão e rapidez dos treinos. Segundo a professora da escola “Krav Maga Impacto” de Presidente Prudente, Mariana Oliveira, cerca de 70% das alunas já sofreram algum tipo de abuso e a procura pela luta é destacada como uma maneira de possuir mais conhecimento nos movimentos e proteção em lugares públicos.
“Eu entendo que há uma necessidade das mulheres treinarem defesa pessoal como forma de prevenção, podendo perceber antes mesmo de acontecer o ataque ou utilizar as técnicas para se defender da melhor maneira”, explica.
Posso bater em todo mundo?
Mariana pontua que os golpes aprendidos nas aulas devem ser colocados em prática na ocasião correta. “Primeiro você tem que controlar as emoções, enquanto utiliza gesticulação e dissimulação para causar distrações. A técnica e o controle emocional sempre andam juntos, pois não adianta saber toda a teoria e no momento que precisar você travar e não conseguir aplicar”, declara.
De acordo com uma das alunas, Monique Souza, os treinamentos são muito importantes para a segurança no dia-a-dia. “Acho os golpes extremamente essenciais, pois além de sermos mais ‘vulneráveis’, aprendemos formas de evitar agressões e abusos”, afirma.
Girl Power
Para a aluna do 5º termo de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação e Estratégias Digitais da Unoeste, Kalline Klem, saber algum tipo de luta ajuda não somente na segurança, mas em todos os lados do empoderamento feminino. A estudante conta que, ao terminar os estudos, pretende iniciar Jiu-Jitsu ou Krav Maga, pois acredita que faz a diferença na vida das mulheres, principalmente na época da juventude.
Kalline relata que já enfrentou momentos em que se sentiu despreparada e que poderia ter colocado os golpes em ação. “Foram muitas situações que hoje considero delicadas para falar. Mas penso que se eu tivesse criado algum interesse, por mais que na época eu fosse mais nova, saberia ao menos como me defender, usando isso para minha própria segurança”, acrescenta.
Segurança no Brasil
Saber praticar a defesa pessoal com cautela, pode auxiliar em diversas situações e evitar casos constantes de feminicídio e estupro que ocorrem no Brasil. O gráfico a seguir mostra dados coletados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, em relação ao ano de 2021.
Sobre o Krav Maga
Vale ressaltar que, para aqueles que se interessaram em fazer parte do programa, é necessário contar previamente com um bom autoconhecimento e muito dinamismo, pois, segundo Mariana, os treinos são diferentes todos os dias ,e por estarem conectados com a defesa e a realidade do mundo, mudam constantemente.
“Costumo dizer que é muito desafiador. As turmas são separadas por idade e as aulas duram cerca de uma hora, compostas pelo aquecimento articular, aquecimento físico, momentos técnicos e dinâmicas para treinar o emocional, levando em conta a simulação das situações vivenciadas nas ruas o mais real possível”, finaliza.