O posicionamento e o debate racional nas redes sociais crescem diante a ascensão do negacionismo

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26/04/21 às 11h40
Caio Gervazoni e Nicoli Liberansk, especial para Escola de Comunicação

Uso do ciberespaço como esfera de debates públicos tem crescido nos últimos anos (Foto: via Instagram)

Em tempos conturbados de pandemia, é muito comum que se olhe com preocupação para o lado mais sombrio das redes sociais: a disseminação de ódio e informações falsas. Porém, nem tudo está relacionado a este ângulo mais perverso que permeia o ambiente digital e consequentemente o mundo real. Atualmente, muitas pessoas têm usado as mídias digitais para compartilhar seus posicionamentos, trazer perspectivas e acolhimento em relação a temas candentes neste caldeirão cultural contemporâneo em que vivemos.

“Gênero, diversidade, raça, religião, identidades em geral, neocolonialismo, exploração, violência e outras questões estão expostas nas mídias digitais para serem debatidas, legitimadas e validadas”, é o que o afirma o professor da Escola de Comunicação e Estratégias Digitais, Roberto Mancuzo. Segundo ele, para se compreender a internet e as mídias sociais como uma esfera pública de debates é necessário entender a história do conceito ‘esfera pública’.

“E aí, é nessa interação que os principais assuntos são debatidos entre os sujeitos e até mesmo são definidas ali decisões a serem tomadas e isso, lembrando, em ambientes democráticos, senão não ocorre. A esfera pública não é o espaço físico, mas ela é abstrata, e tem origem na noção de espaço público físico. Não podemos confundir esfera pública com espaço público”, compreende o professor.

O conceito de esfera pública vem de espaço público, algo herdado dos debates das ágoras da Grécia antiga e que sofreu grandes alterações a partir da Revolução Industrial. De acordo com Mancuzo, com a ascensão do ciberespaço, as redes sociais assumem um importante papel nos diálogos que constroem esse reduto. “Quando a noção de esfera pública encontra a internet no final do século XX e todo aparato de mídias digitais, a imposição dos filtros econômicos e políticos perde força e aí ela encontra-se novamente com a ideia original que é tratar de temas relevantes e não apenas por serem considerados interessantes ou curiosos”, avalia.  

Acontece no ‘Velho Oeste’ também

Em Presidente Prudente, o portal da Escola de Comunicação conversou com duas pessoas que utilizam o ciberespaço como uma esfera pública de debate. Uma delas é o psicólogo e estudante de Geografia na UNESP, Edson Marcelo Oliveira Silva, que dedica sua presença nas redes sociais para debater demandas da sociedade, como as questões de gênero sob as perspectivas da psicologia, entre outros assuntos.

“Eu, hoje, olho o meu limite do que também tenho enquanto pessoa para conseguir me disponibilizar para expandir isso e conversar mais sobre estas questões nas redes sociais”, opina o psicólogo. Edson também cita o momento político do país e que exercer este posicionamento nas redes sociais é contribuir para um debate mais humano a frente ao autoritarismo da atual gestão do governo federal e sua política de morte, a necropolítica.

“É algo complexo e ao mesmo tempo necessário. Eu uso hoje minhas redes sociais para promover de alguma maneira um encontro de diálogo pela vida, que eu possa então conversar com outras pessoas, usando a psicologia, os estudos de gênero junto às militâncias e a escuta de tudo isso aí que está neste caldeirão em que me inseri desde quanto eu resolvi exercer a função de psicólogo e viver estas questões”, completa Edson. 

Psicólogo Edson Marcelo compartilha vídeos em sua rede social para debater questões de gênero. (Foto: via Instagram)

Lucinete Aparecida Santiago Lima, conhecida por Lucy Lima nas redes sociais, é assistente social e trabalha no CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) de Presidente Prudente. Lucy foi vítima de violência doméstica e sofreu com as agressões do ex-marido por dez anos. Para complementar seu trabalho como assistente social, ela utiliza as redes sociais ativamente, seja pelo Facebook ou pelo Instagram, para auxiliar as mulheres contra qualquer tipo de violência.

“Eu utilizo as redes sociais para levar esperança, empoderar e levar as mulheres a ressignificarem suas vidas, buscando autoconhecimento e autoestima. Levo informações sobre a lei Maria da Penha, e sobre as redes de apoio, como Creas, DDM [Delegacia de Defesa da Mulher], Sistema Órion da Polícia Militar, Projeto Justiceiras, entre outros. Também falo sobre igualdade de gênero e temas relacionados com o machismo estrutural”, expõe Lucy.

Assistente social e palestrante Lucy Lima milita pelo direito das mulheres também no Facebook e no Instagram (Foto: Cedida/Lucy Lima)

Nas redes sociais

O debate sobre demandas sociais sempre esteve presente na esfera pública. As redes sociais, que têm ascendido nos últimos anos, mostram-se com um incrível potencial para fortalecer as militâncias e as questões que envolvem reivindicações associadas à igualdade.

Edson Marcelo e Lucy Lima são exemplos de pessoas que atuam, também, nas redes para promover a construção de debates sobre questões de gênero e direitos das mulheres, respectivamente. A atuação do psicólogo Edson Marcelo pode ser acompanhada por meio do Instagram dele @som_domar. A assistente social Lucy Lima pode ser encontrada no Facebook e também no Insta, basta procura-la por meio do nick @palestrantelucylima.

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