Os desafios enfrentados por emissoras de TV prudentinas na cobertura da pandemia

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24/04/2020 às 09:30
Bárbara Munhoz e Noemi do Prado

Jornalistas revelam cuidados adotados dentro e fora dos estúdios e como experiência tem agregado valor profissional (Foto: Banco de Imagens/ Unsplash)

Em tempos de isolamento social devido à pandemia de Coronavírus (Covid-19), o home office tem sido a forma de trabalho adotada pelas pessoas. Realizado com a comodidade e conforto que, na maioria das vezes, não se tem no ambiente de trabalho, ele representa uma solução a quem não pode parar de produzir. Mas, em contrapartida, já pensou em quem não tem essa opção?

Esse é o caso dos jornalistas, sobretudo os de TV. Com informações novas a todo instante e devido à periodicidade dos programas ao vivo, a classe, que representa um serviço essencial, não pôde parar, porém mantém a rotina com cuidados redobrados. Em entrevista ao Portal Facopp, representantes de emissoras de TV prudentinas revelam a dinâmica adotada dentro e fora dos estúdios.

Por trás dos bastidores

Repórter da Record TV, Maristela Coimbra conta que o início do surto no país coincidiu com seu retorno de uma viagem a Recife, Pernambuco. Na ocasião, ela passou por quatro aeroportos e o terminal rodoviário da Barra Funda, em São Paulo, cidade brasileira mais afetada até então pelo vírus.

“Estar em áreas consideradas de risco fez com que a emissora, por precaução, me deixasse em quarentena nos dias determinados pelas autoridades de saúde, preservando assim meus colegas de trabalho e também meus entrevistados”, relembra.

Maristela diz que quarto da filha virou um estúdio (Foto: Cedida/ Arquivo pessoal)

Mesmo afastada, ela não deixou de produzir. Com auxílio de um celular, um tripé e uma luminária, transformou o quarto da filha em um estúdio de gravação. Sua produtora passava as informações e ela fechava os textos de cada material e gravava; além disso, contou com o apoio de sua equipe que ia às ruas todos os dias para fazer imagens e entrevistas. “Um trabalho a distância, executado em equipe e que funcionou muito bem!”, observa.

“Há preocupação, ela existe, mas não em excesso porque o trabalho jornalístico, fundamental num momento como esse, não pode ser completamente prejudicado”, comenta o repórter do SBT Interior Rubens Nakatu.

Segundo o jornalista, a rotina de trabalho mudou conforme o avanço da doença e medidas como o distanciamento seguro entre as pessoas e o uso de dois microfones, por exemplo, foram incorporadas e intensificadas aos cuidados que já tinham, relacionados à limpeza dos equipamentos e higiene pessoal.

“O trabalho jornalístico, fundamental num momento como esse, não pode ser completamente prejudicado”, afirma o repórter Rubens Nakatu (Foto: Cedida/ Arquivo pessoal)

Nakatu ainda defende que coberturas como essa enriquecem não só a bagagem profissional, mas a sensibilidade com o mundo e as possibilidades de escrever e reescrever a história por meio de uma experiência única. “Apesar de todos os prejuízos da pandemia, fazer jornalismo mostrando os diferentes reflexos de um inimigo invisível é um aprimoramento e tanto como ser humano”, afirma.

“Mesmo sendo algo novo para nós [pandemia], sabemos do nosso trabalho e da importância de levar informação oficial para a população. Temos que estar cientes do nosso papel nesse contexto”, completa Maristela ao revelar que a rotina de uma equipe jornalística nunca é tranquila, sendo difícil prever o dia a dia nas ruas, mas, ao mesmo tempo, gratificante.

Já na TV Fronteira, afiliada da Rede Globo, o repórter Junior Paschoalotto revela que as equipes estão evitando VTs com ‘Fala Povo’, dentro de hospitais, em locais onde têm aglomerações de pessoas, como supermercados, dentre outras medidas de prevenção ao contágio do Covid-19.

O repórter, que adotou o home office por se encaixar no grupo de risco, comenta sobre o desafio da emissora em trabalhar com horários de programas estendidos, além de produções a distância. “Vivenciar essa experiência tem sido um grande aprendizado para todo mundo. Tudo o que está sendo pedido, essa questão de higiene e cuidados, não é nada do que a gente não deveria fazer normalmente, mas, por conta da pandemia, o pessoal está meio que ‘se ligando”, conclui.

Cuidado nunca é demais

Na redação da TV Band algumas entrevistas estão sendo feitas via Skype, já as que acontecem na rua são a maior preocupação da emissora, segundo Luci Castro, repórter e apresentadora.

“Procuramos evitar contato com entrevistados e trabalhamos com dois microfones, um para o repórter e outro para o entrevistado. Eles são higienizados antes e depois das entrevistas. Acho que nesse momento qualquer preocupação não é excesso”, analisa.

“Não que a emissora já não fosse unida, mas, agora, com essa pandemia, está mais unida ainda”, considera uma das estagiárias da Band, Milene Gimenez, ao compartilhar que todos estão ajudando na construção das pautas devido à grande demanda.

Dentro ou fora dos bastidores da notícia, a preocupação com a pandemia é nítida. O jornalismo não pode parar e traz, a todo momento, experiências desafiadoras a quem está na linha de frente das coberturas. Apesar disso, o cuidado continua, e você, se puder, fique em casa!

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