Resíduos e resiliência 

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no email

Por Lucas Dantas, em nome da equipe 2025
19/09/2025, às17h20

Guilherme estuda para se tornar médico enquanto trabalha na coleta de lixo (Foto: Acervo pessoal/Guilherme da Silva Mazini)

Conciliar os estudos com a necessidade de trabalhar para sobreviver não é apenas uma escolha, pois para muitos jovens, é a única opção possível. 

A história de Guilherme da Silva Mazini, estudante de Medicina que divide sua rotina entre as aulas e o serviço de coleta de lixo, não é um caso isolado. É o retrato fiel da realidade de milhares de estudantes brasileiros que enfrentam diariamente o peso do sonho e a dureza da sobrevivência.

No último Censo de Educação Superior, divulgado em 2023, apenas 21,6% dos  de 18 a 24 anos, no Brasil, fazem faculdade. Este é um dado que exemplifica o quanto o sonho de estar em uma universidade, muitas vezes, silencia a luta dos estudantes que carregam as obrigações de pagar aluguel, transporte, alimentação e mensalidades. 

São jovens que, no lugar de ter uma juventude tranquila, vivem diversas responsabilidades que poderiam facilmente esgotar qualquer adulto. Mesmo assim, resistem e persistem.

Esses estudantes são a prova viva de que meritocracia não é narrativa, mas resistência. Eles desafiam a lógica de que o conhecimento é privilégio de poucos e afirmam, com sua trajetória, que a educação deve ser direito acessível a todos. 

Entretanto, é impossível ignorar a desigualdade que permeia esse cenário. Enquanto alguns podem se dedicar integralmente à formação acadêmica, outros precisam enfrentar jornadas duplas ou até triplas, muitas vezes em trabalhos precarizados, para conquistar o mesmo diploma.

Valorizar essas histórias é mais do que aplaudir a coragem individual: é cobrar da sociedade e do poder público condições reais para que o estudo não seja um luxo, mas um caminho viável. É reconhecer que cada médico, jornalista, professor ou engenheiro formado sob essas circunstâncias carrega não apenas um diploma, mas cicatrizes de uma luta que deveria ser menos árdua.

Que a trajetória de Guilherme inspire todos que sonham ingressar no universo acadêmico. Quantos talentos o Brasil ainda perde porque estudar e sobreviver, ao mesmo tempo, se torna um fardo. Enquanto não resolvemos esses graves problemas com políticas que realmente funcionam e empatia coletiva, histórias como a dele continuarão sendo exceção admirável, quando deveriam ser regra possível.

Ao lado desse relato, esta semana do Portal da Ecopp também convida o leitor a refletir sobre diferentes aspectos da vida cotidiana. No Comportamento, aborda-se a pressa dos jovens que equilibram trabalho, faculdade e deslocamentos. Em Cultura, há uma viagem pela memória de Presidente Prudente na exposição fotográfica “Dos Trilhos ao Centenário”. No Esporte, destaca-se o crescimento da corrida de rua e seus benefícios para a saúde física e mental. Já em Turismo, o Museu e Arquivo Histórico da cidade ganha espaço ao mostrar como preserva e reinventa memórias. Por fim, na Resenha, uma análise crítica da tentativa da Globo de se reinventar no cenário digital com a GE TV.

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp
Compartilhar no email
Escola de Comunicação e Estratégias digitais | © 2021 Todos os direitos reservados.​