Produtores revelam bastidores da cena musical em Presidente Prudente

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Artistas independentes explicam processos criativos, desafios e o impacto da tecnologia na produção musical

Por Enzo Mingroni e Lucas Dantas
12/09/2025, às16h

Criação de conteúdo musical está relacionada à criatividade e à técnica (Foto: Marcel Sachetti)



Da ideia rabiscada no papel até o som final que chega aos fones de ouvido, a produção musical é um processo que envolve criatividade, técnica e muita colaboração. Em Presidente Prudente (SP) e região, artistas independentes e produtores mostram como nasce uma música, desde a composição da letra e da melodia até as etapas finais de estúdio, como mixagem e masterização.

De acordo com o publicitário, professor, baixista e produtor amador, Renato Pandur, de 48 anos, o processo para produzir uma música varia entre os artistas, já que cada um tem o seu tempo e jeito de criação.

“Isso é muito variado. Depende do artista. Cada um tem o seu jeito, o seu tempo. Existem compositores que focam primeiro na letra, prepara uma melodia base e vai lapidando conforme a métrica da música. Me ocorreu agora o processo de composição da Legião Urbana, por exemplo. A banda fazia toda a parte estrutural da música e depois o Renato Russo fazia uma letra em cima. É um outro tipo de processo. Enfim, não há regras para o nascimento da arte”, explica.

Renato já foi integrante de uma banda local, a Média 7, criada originalmente nos corredores da Escola de Comunicação da Unoeste. Para ele, a intenção da ideia do artista ao produzir uma música é juntar a inspiração e técnica, além de tentar representar isso na escolha dos instrumentos, timbres e intensidade. 

A inspiração pode vir de qualquer lugar, desde uma progressão de acordes, um trecho de livro ou até uma pichação em um muro, como destaca o músico e estudante de Publicidade e músico Eduardo do Val Lapenta, de 21 anos. Ele afirma que compreender o que desperta a ideia é fundamental para transformá-la em poesia.

O que julgo mais importante é compreender o que de fato me levou a ‘estar inspirado’. O importante é entender qual é este elemento que chamou a sua atenção, qual a mensagem que está sendo passada e porque isso mexeu com você”, explica Lapenta.

O rapper prudentino Jailson da Cruz Souza, conhecido como Jota77, também costuma usar experiências pessoais como inspirações.“Eu tenho pra mim que o pessoal aqui de Prudente e região significa minha base. Meu alicerce é aqui, minhas referências nas letras são aqui e aconteceram em locais da cidade”, conta.

Renato Pandur é  publicitário, professor e baixista (Foto: Marcel Sachetti)


Produção

Se a inspiração é o ponto de partida, a produção dá forma ao que foi criado.  Eduardo e Renato possuem uma parceria no desenvolvimento de projetos musicais, o Selo Musical “Virtude”. 

Essa parceria ajuda na gravação, produção e desenvolvimento de projetos musicais. Entre eles, dois projetos que estão sendo trabalhados atualmente são: produção da banda Moments e o projeto musical Plano Mental.

O estudante e músico Eduardo do Val Lapenta possui uma parceria com Pandur, o Selo Musical “Virtude” (Arquivo pessoal/Reprodução)

Atualmente, softwares gratuitos e interfaces acessíveis permitem que músicos iniciem gravações sem grandes investimentos. O Reaper, por exemplo, é um dos programas mais utilizados nesse processo.

Ele diferencia duas etapas fundamentais: a mixagem, responsável por equilibrar e limpar os elementos sonoros, e a masterização, que finaliza a música e prepara o material para as plataformas digitais. “De forma resumida, a mixagem é onde você faz o bolo, botando a mão na massa em todos os ingredientes. A masterização é a cereja do bolo com incrementações pontuais e sutis”, finaliza.

Eduardo do Val Lapenta é músico e estudante da Escola de Comunicação (Foto: Marcel Sachetti)

Eduardo ressalta que o relacionamento entre artista e produtor é essencial nessa fase. “Tanto o produtor quanto o artista devem estar unidos e alinhados em prol do mesmo objetivo com respeito e confiança, que são bases fundamentais para o funcionamento dessa parceria. Cada produtor possuí uma abordagem diferente em relação ao trabalho, mas eu particularmente gosto de conhecer o artista, ouvir o que ele tem a dizer, entender sua visão e suas referências, sempre com paciência e atenção”, salienta.

No rap e trap, a batida é o ponto de partida. Jota prefere chegar ao estúdio com tudo pronto, escolhendo beats disponíveis na internet ou enviados por produtores. Assim, ganha tempo e reduz retrabalho na gravação. Para ele, a etapa de mixagem e masterização é sinal de que a música será lançada oficialmente.“Geralmente quando chega essa etapa de mixagem e masterização, é porque a gente já sabe que esse som vai sair, já está tudo bem resolvido e é só refinar a música”, afirma o produtor.

Jailson é conhecido no cenário do Rap como Jota77 (Foto: Jailson da Cruz)

Pós-produção e divulgação

Com a música finalizada, entra a parte de divulgação. Vídeos curtos, cortes de clipes e registros de estúdio se tornaram ferramentas baratas e eficazes para alcançar o público. Segundo Jota77, seu coletivo de trap o ajuda no momento de conferir o material para ser compartilhado para os fãs.

“Quem ajuda nessa parte é o pessoal do meu coletivo de trap, a Rockkless Mob… eu confio de mandar o material pra eles darem uma opinião, que eu sei que o feedback deles vai ser sincero”, destaca.

Por fim, Jota acredita que o seu sonho pode se tornar uma realidade, uma vez que recentemente o artista lançou seu primeiro álbum em um plataforma musical oficial, chamado de “Jota, Você é Artista?”.

“Eu creio que para o meu crescimento e para esse objetivo pessoal, a cidade presente é essencial, pois não adianta querer escalar a montanha por cima, primeiro você começa sendo ouvido e abraçado no seu bairro, por quem já te conhece, depois a cidade inteira já sabe seu nome e te levanta para o topo do mundo”, finaliza.

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