Idade é igual à maturidade? Entenda relação dos anos vividos com o crescimento pessoal

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Allana Gomes,  Fernanda Claro  e  Jaqueline Félix, especial para Escola de Comunicação
29/04/2022 às 9h

Maysson Martins e Amanda Rocha praticam suas atividades de lazer favoritas (Foto: Allana Gomes)

A adolescência, um sonho para uns e o pesadelo para outros. É uma fase de grandes mudanças que todos vão passar ou já passaram. O autoconhecimento, amadurecimento, frustrações, decepções, responsabilidades e mais um pouco são resultados desse momento. 

A adolescência vem acompanhada da puberdade e passa por três momentos: a pré-adolescência, que consiste em mudanças corporais; a adolescência média que mostra a vontade de ter autoconhecimento; e a adolescência tardia, quando começa a preparação para a próxima fase: a adulta. 

Afinal, qual a idade da  adolescência?  A resposta depende de quem está falando.

O Estatuto da Criança e do Adolecente (ECA) aponta que  a adolescência acontece dos 12 até os 18 anos. Porém, isso está  em processo de reavaliação para ser estendido até os 21 anos.

Um grupo de ciências australiana acredita que a adolescência só acaba aos 24 anos, porque os jovens estão demorando mais para amadurecer. Por exemplo, eles preferem ficar na casa dos pais, mostram desinteresse em tirar a carteira de motorista, adiam casamento e a responsabilidade de ser mãe ou pai.

“As pessoas não querem mais se casar nem ter filhos. Matrimônio é assumir a responsabilidade de amar a mesma pessoa pelo resto da vida. A paternidade é assumir o eterno papel de cuidar de outra vida. Ambos trazem enorme responsabilidade para a pessoa, mas ninguém gosta mais de responsabilidades hoje em dia”, conta o estudante Maurício Saraiva, de 21 anos, do 5º termo de Publicidade e Propaganda.

Na verdade, não existe uma regra absoluta. Depende do desenvolvimento e amadurecimento de cada um. Para Maurício, não é possível definir alguém apenas pela sua idade. “Posso não ser tão sábio quanto o meu pai ou tão responsável quanto a minha mãe, mas já tenho idade o suficiente para ser tratado como adulto”, avalia.


“Minhas responsabilidades vêm aumentando conforme o tempo passa. Umas me fazem sentir melhor comigo mesmo, outras me dão um pouco de preguiça. Mas o que é amadurecer, senão aprender a lidar com a realidade? Uma hora amadurecemos por bem ou por mal”, escreve Maurcio Saraiva (Foto: Cedida/Maurcio Saraiva)

Portanto, ser adolescente ou não depende do amadurecimento individual de cada um. Em alguns casos, a responsabilidade aparece mais cedo do que outros, como o caso da jornalista Amanda Rocha, de 27 anos. “Tive que lidar com responsabilidades desde muito nova. Estágios, empregos e estudos. Mas agora sinto que ela é uma necessidade, então eu só tenho que ser alguém responsável em todos esses aspectos.”

A psicóloga e professora da Unoeste Ana Paula Fabrin concorda que a idade é apenas um número, pois a maturidade nem sempre anda junto com a quantidade de anos que alguém possui, ela depende das experiências vividas pela pessoa, o ambiente em que ela convive, o tipo de relação que ela mantém com os outros, várias questões biopsicossociais que transcendem a idade cronológica. 

Independência 

O jornalista Mayson Martins, de 22 anos, reconhece-se como um jovem adulto, que ainda tem muito a aprender, mas por conta das situações que já vivenciou acabou amadurecendo. Para ele, lidar com as responsabilidades que o tempo traz auxilia no processo de amadurecimento. No começo da vida adulta é que as pessoas começam a aprender como lidar com seu próprio dinheiro e administrar o seu tempo com as suas obrigações.   

“Por mais que eu me considere um jovem adulto, tem uma outra voz na minha cabeça que fala que sou um adulto pela minhas responsabilidades”, aponta Mayson Martins (Foto: Cedida/Mayson Martins)

Hoje Mayson vive sozinho e tem sua casa própria, mas conta que acredita que deixou de ser um adolescente logo quando decidiu que queria cursar Jornalismo, com 17 anos.

Na época, ele tinha terminado o ensino médio e ainda morava na cidade de Irapuru. “Fiz o Enem e consegui o Prouni. Com dois dias eu tive que me virar com a bolsa do Prouni, pois o prazo que eu recebi por e-mail era só de dois dias para ir atrás de todos os documentos, precisava de um dia para tirar toda documentação e o outro para ir estar em Prudente. Nunca tinha vindo para Prudente sozinho, peguei um ônibus e no final deu tudo certo: consegui me formar.”

O jornalista aponta que se chatearia caso alguém o intitulasse de adolescente,  pois toma suas próprias decisões e lida com as responsabilidades que tem em seu trabalho e em casa. Mayson compreende que ser adolescente não é algo restrito somente a idade, mas também sobre maturidade.

É mais social do que biológico

Segundo Ana Paula, a adolescência atualmente é mais vista como algo social do que biológico, pois uma grande parte dos especialistas consideram que ela termina apenas quando o indivíduo sai da faculdade e é inserido no mercado de trabalho. Porém, a psicóloga acredita que isso é um conceito falho, pois, se a sociedade atual for analisada, estudar deve fazer parte de todas as fases da vida e não terminar na adolescência.

“Nas classes sociais onde o estudo é menor e esse jovem não tem condição de chegar na graduação ou numa universidade, ele já entra na fase adulta quando precisa trabalhar. Quer dizer, é o mercado de trabalho, a necessidade de trabalhar que determina o fim da adolescência nos moldes da nossa vida atual hoje”, pondera Ana Paula (Foto:Cedida/ Ana Paula Fabrin)

Por este motivo, Ana Paula alerta que adiar planos para focar apenas nisso é complicado, uma pessoa não pode parar sua vida, ela tem que viver apesar dos estudos. “Hoje as pessoas não querem se fixar, são pessoas da geração do compartilhar, da mobilidade, então elas não querem se fixar, casamento geralmente pede uma fixação em algum lugar e uma responsabilidade muito grande para criar esse filho, além do custo que hoje em dia está muito elevado”, comenta a psicóloga.

Ana Paula também fala que a adolescência, do ponto de vista biológico, começa com a puberdade, mas, analisando pela psicologia, sociologia e ciências humanas, ela é algo construída social, cultural e historicamente, pois essa fase da vida é encarada de uma maneira no Ocidente e de outra do Oriente, assim depende do contexto em que a pessoa está inserida.



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