Da escolha à defesa do curso: alunos e egressos desmistificam preconceitos sobre suas profissões 

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Ágata Vieira e Fabiana Vernize, especial para a Escola de Comunicação 

Todo mundo conhece uma concepção equivocada sobre sua profissão que, além de deixar desconfortável, causa alguma discussão no meio familiar. Mas, afinal, como desmistificar esses preconceitos? Alunos da Unoeste contam suas experiências.

Arquitetura

Para Priscila Peixoto, do curso de Arquitetura e Urbanismo, é comum ouvir que o arquiteto “só desenha casinha” e que é “coisa de gente rica”. As concepções a incomodam porque resumem o trabalho da profissão, que necessita de conhecimento e domínio técnico a algo com pouco valor. “A gente tem que decidir cada detalhezinho. Desde o canteiro de obras à tinta que vai pintar uma parede”, exemplifica.

No começo, ela procurava lidar com os preconceitos de maneira bem humorada: ria e deixava para lá. A situação se repetia até avançar no curso e contrapor as ideias equivocadas. “Peraí, não é bem assim, não viu?” Até uso o curso como exemplo, comento que projetamos escolas e museus, não só casinhas”, ressalta.

Priscila acredita que essas concepções são antigas, já que por séculos a arquitetura foi destacada por obras monumentais e que acabam remetendo a riqueza, além de ter essa imagem reforçada pela representação na televisão e no cinema.

Priscila em uma visita à Pinacoteca em 16 de junho de 2021. O edifício é lembrado por ela como um grande exemplo da arquitetura eclética (Foto: Cedida/Priscila Peixoto)

Para a Priscila, o conhecimento sobre o trabalho exercido pelos arquitetos, aliado à uma representação condizente do ofício, são atitudes que agregariam mais valor à profissão.

Música

Caroline Teixeira Garcia, egressa da Unoeste, exemplifica que o maior preconceito em relação a música acontece no seguinte diálogo: “O que você faz da vida?” “Eu sou músico” “Beleza, mas o qual é sua profissão?”

Segundo ela, as pessoas se referem à música como se ela não pudesse ser uma profissão ou que não demande muito estudo como as outras.

“Se as pessoas conseguissem ver pelo menos 10% de tudo o que a gente faz, com certeza elas dariam mais valor”, comenta Caroline. (Foto: cedida/Caroline Teixeira)

A jovem explica que sempre procura ser calma quando se vê em situações de desvalorização e explica todo o estudo de instrumento teoria que teve.

Para Caroline, as pessoas têm esse comportamento por conhecerem a música apenas como um hobby, mas esclarece que “para ter a música que você ouve no seu celular, nos lugares, tem que ter os músicos, né?”

Embora a região de Presidente Prudente tenha crescido muito em termos de cultura, a jovem conta que percebe a predominância de músicos trabalhando também, como professores de instrumentos para auxiliar na renda. “Claro que ser professor, também é ser músico, porque quem é professor está fazendo música o dia inteiro”, enfatiza.

Caroline, que atualmente trabalha como professora de musicalização infantil, acredita que para as pessoas deixarem de resumir os profissão a esses estigmas, é necessário enxergá-los como profissionais que se dedicam e estudam muito para estarem onde estão.

Direito

Alana Motta, estudante de Direito, afirma que desde as primeiras manifestações para entrar na faculdade já ouvia que “todo advogado era malandro, defensor de bandido, prepotente e que já era uma profissão saturada”. Além de muitas pessoas terem o estereótipo de que o advogado é “defensor de facção.” Quando era mais nova e não estudava tampouco estagiava na área, Alana procurava ignorar os comentários.

Entretanto, hoje, com o estudo unido à vivência profissional que tem, ela debate o assunto e pondera que o direito não diz respeito apenas a crimes hediondos. “Graças ao direito, uma mulher que sofre agressão pelo seu cônjuge consegue sua medida protetiva”.

Além de estudar, Alana estagia na Primeira Vara Criminal do Fórum de Osvaldo Cruz. (Foto: Cedida/Alana Motta) 

Para a estudante, o que pode ser feito para diminuir os preconceitos relacionados à profissão é o conhecimento do que é o direito de fato. “Não tem a ver com crimes hediondos e sim aquilo que movimenta a engrenagem da sociedade como um todo”, ressalta.

Publicidade e Propaganda 

Natali Palácio, egressa de Publicidade e Propaganda considera que um dos preconceitos a respeito da profissão, é o fato de não valorizarem a Publicidade como ela merece. “As pessoas acham que qualquer um pode fazer uma arte, quando, na verdade, a Publicidade envolve muitos recursos e objetivos específicos”, explica.

Apesar da ausência de valorização que se estende até os fatores financeiros, Natali afirma ser feliz com sua profissão e orgulhosa do que faz. 

Para a publicitária, uma alternativa viável para reduzir os estigmas a respeito da publicidade é que as pessoas sejam curiosas, se interessem e procurem saber mais sobre os processos que a profissão envolve.

Natali durante os bastidores entre um trabalho e outro, na empresa em que trabalha há um ano. (Foto: cedida/Natali Palácio)

Psicologia 

“A relação de acharem que a psicologia é para doido, me incomoda muito. Não é assim que funciona”, relata Eduardo Batoqui, do curso de Psicologia, sobre a forma como muitas pessoas enxergam a função da profissão. Ele conta que sempre procurou lidar com as concepções equivocadas de forma neutra e que isso permanece até hoje a fim de minimizar possíveis conflitos.

Eduardo escolheu estudar Psicologia após vivenciar situações que necessitaram de acompanhamento psicoterapêutico e, a partir da rotina e do convívio com o psicólogo, teve certeza de que queria aquilo para o futuro.

Algo presente em sua rotina que ele tenta desmistificar dentro da família é que o profissional não pode trabalhar com pessoas próximas. Para Eduardo, a conversa é essencial para transformar essa e qualquer perspectiva equivocada das pessoas.

“Nunca tive essa coisa de negação no sentido de escolher a profissão”, conta Eduardo a respeito da grande aceitação de sua família (Foto: Cedida/Eduardo Batoqui)

Enfermagem

Um dos preconceitos que mais incomodam Mariana Moraes, formada em Enfermagem pela Unoeste, é o fato das pessoas não saberem diferenciar a enfermagem da medicina e, por isso, fazerem insistentes comparações. Segundo Mariana, são duas profissões que se completam, mas, pela dificuldade das pessoas em reconhecer isso, ouve comentários frequentes como: “Mas por que não faz Medicina?”, “Você é tão inteligente, devia ser médica”. 

Quando era surpreendida por preconceitos, a egressa procurava explicar a função do profissional esclarecendo que “estava na enfermagem porque queria ser uma excelente enfermeira, se quisesse ser médica, fazia Medicina”.

Para ela, também cabe ao profissional enfrentar as situações de preconceito, ser empoderado, determinado e seguro de seu papel. “A enfermagem é indispensável, ela está presente no começo ao fim da vida, na entrada até a alta do paciente, dentro e fora do ambiente hospital.”

Gastronomia

Para Cauã dos Santos, egresso de Gastronomia na Unoeste, um dos preconceitos existentes na profissão, além dos com alguns tipos de comida, é o de que a mulher não serve para ser sushiman porque tem a mão mais quente, o que para ele é falso. “Já trabalhei com mulher no sushi e, muitas vezes, as mulheres são melhores que os homens”, desmistifica.

Quando alguém resume sua profissão a algum estereótipo, a tranquilidade de Cauã predomina. Ele relata que já entrou na faculdade sabendo o que eu queria por isso, a opinião alheia não o incomoda.

Para o jovem, o que pode ser feito para que os preconceitos em relação à profissão diminuam, é as pessoas visitarem restaurantes de chefes que exaltam os sabores e aromas da região local e ter contato com menus diversificados feitos com insumos da própria região, valorizando produtos locais.

“Minha família me apoia bastante e me ajuda muito, desde que escolhi esse curso”, conta Cauã (Foto: Cedida/Cauã dos Santos)

  

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