Da Facopp para o teatro e para as passarelas

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16/05/2019 às 16:00 – Atualizado em: 17/05/2019 às 10:37 
Camila Araujo e Pedro Silva

Arquivo Pessoal

Fernando Zaramella durante a apresentação de uma peça teatral

A Facopp forma profissionais para o mundo, a grande maioria segue as carreiras que se formaram, mas outros têm sonhos diferentes e usam os conhecimentos para buscar o máximo de suas carreiras.
 
Fernando Zaramella se formou na faculdade em 2015, no curso de Publicidade e Propaganda. Hoje, além de publicitário, segue carreira de ator, mas também já se aventurou pelo mundo da moda.
 
Por que você escolheu o curso de Publicidade?
 
Bom, na época em que escolhi cursar Publicidade eu já tinha contato com a área de Comunicação e Produção Audiovisual devido alguns projetos que realizava com amigos, mas tudo amador. No terceiro colegial, recebi um convite do professor Homéro Ferreira, pai de um grande amigo de infância, que me convenceu a escolher a formação.
 
E o que mais te interessava no curso?
 
Acho que o que mais me chamou atenção na época era o movimento constante e as formas de arte como fotografia e cinegrafia que a área proporcionava. Tudo isso me encantou e de fato, para o momento da minha vida, era o que eu precisava.
 
Como foi cursar Publicidade e seguir uma carreira diferente?
 
Na verdade ainda sigo a carreira de publicitário, mas divido minha caminhada profissional com essas outras áreas também. Nunca fui uma pessoa que conseguia fazer apenas uma coisa por vez, então sempre procurei produzir de várias formas. Acontece que encontrei algumas coisas que eu gosto de fazer e consegui conciliá-las, mas ainda existem outras áreas em que eu tenho como meta na minha vida ter um contato mais profissional. Se tenho uma escolha preferida? Claro, mas fica aí no ar qual é.
 
E como a faculdade te ajudou com isso?
 
Acredito que a faculdade, inconscientemente, me ajudou a chegar neste lugar, a ser lembrado e considerado. Sempre desenvolvi muito bem minhas habilidades sociais e isso me ajudou bastante a galgar meu caminho aqui na selva de pedra. Fiz amigos, contatos, inimigos (claro), mas sempre deixei muito claro do que sou capaz de fazer.
 
A publicidade sempre me ensinou a manter ativa uma rede de pessoas e contatos profissionais, sempre tentei fazer com que fosse lembrado pelo que sei fazer, o que me ajudou em momentos difíceis. No teatro, assumi algumas funções de divulgação das minhas peças e adquiri um senso estético mais aguçado, que a faculdade me ensinou a ter.
 
E como se tornou ator? Você já tinha essa vontade?
 
Tive uma experiência no ensino médio com teatro que iniciou em mim a admiração por essa arte em especial. Quando me mudei para cá (São Paulo), tive também contato com pessoas da minha idade que tinham o mesmo desejo de se tornarem atores e também já com atores formados e experientes na área.
 
Acabei morando com um amigo (ator, óbvio) que se tornou a pessoa responsável por trazer de volta a mim esse desejo e restaurar a minha autoconfiança para pelo menos tentar.
 
Apesar termos nos afastado por outros motivos no meio de todo nesse processo, fui atrás da minha formação sozinho e sem compartilhar meus planos nem para minha família. Apenas quando encerrei meu primeiro semestre abri para todos que estava tentando algo novo e bastante incerto.
Hoje sou extremamente grato pela generosidade investida em mim e que me fez ver que eu era capaz.
 
 Não me considero um ator completo, ainda estou em formação e mesmo para aqueles que já carregam um DRT (Delegacia Regional do Trabalho, documento de registro profissional de atores), é um aprendizado diário lidar com material humano, sentimentos e representações às vezes de uma forma tão intensa que precisamos de ajuda para controlar, para sair de um “estado” que nos colocamos em cena.
 
Quais os projetos que você já trabalhou?
 
Trabalhei em alguns projetos durante meu primeiro ano de formação até a montagem de conclusão do meu segundo semestre na oficina de atores.
 
Montamos um texto brasileiro de um cara muito especial chamado Newton Moreno, dirigido por uma pessoa maravilhosa, minha diretora Maria Fernanda Batalha e que aborda temas atuais como transfobia no cenário político sombrio em que vivemos.
 
Foi, e ainda é, uma experiência que me transformou como aluno, como ator e principalmente como ser-humano. O sucesso para uma peça de conclusão de semestre, o impacto na sociedade e naqueles que foram nos assistir e a transformação pessoal que cada ator viveu e vive foram tão grandes que decidimos continuar resistindo e levantando essa bandeira enquanto o Teatro nos permitir.
 
Atualmente, além desse espetáculo, tenho mais uma montagem de encerramento de semestre, alguns convites da Maria Fernanda para outras montagens e, claro, outros projetos de outras áreas da atuação.
 
Além de publicitário e ator, você também já se aventurou no mundo da moda. Como foi isso?
 
Bom, sempre tive contato com a área pela minha irmã, que tentou a carreira de modelo, mas não se encontrou e acabou se formando em Design de Moda.
 
Meu primeiro estágio do curso de Publicidade foi em um grupo têxtil o que me despertou mais ainda interesse pelo funcionamento dessa indústria.
 
Lembro que assistia incansavelmente O Diabo Veste Prada e me encantava a intensa rotina da Andy e o frenesi da indústria da moda.
 
Ao me mudar pra São Paulo, acabei tendo maior contato com outras áreas correlacionadas e acabei ficando conhecido um pouco aqui, um pouco ali, mas sempre apenas cogitando um contato com o mundo da moda como modelo.
 


E como você chegou ao maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week?

 
Nesses círculos sociais que fui inexplicavelmente inserido ao longo dos meus anos aqui, me tornei amigo íntimo de produtores e designers conhecidos da cidade, sempre tive muita proximidade e estive inserido no de modelos e profissionais da área.
 
Em 2018, uma amiga, produtora da marca que desfilo hoje, me convidou pela primeira vez para desfilar para ela no Fashion Week. Lembro que na hora tudo me causou muita euforia e que tentei ao máximo me conter para fingir naturalidade (risos).
 
E como foi essa experiência?
 
Ao longo dos dias, contive minha empolgação até porque passava meus dias ocupado com outros projetos. Já havia visitado o evento anteriormente, mas como espectador.
 
Só na hora em que estava me trocando que a ficha caiu que eu iria desfilar para uma marca reconhecida no Fashion Week. Um dos pensamentos frequentes na minha cabeça era “Como eu vim parar aqui?”
 
Até a hora de entrar na passarela tudo parecia bem e só quando me vi próximo ao entrar, o nervosismo tomou conta de mim, mas grande parte do autocontrole que aprendi no teatro me ajudou a lidar com isso.
 
E como foi sua caminhada até aqui?
 
Nos meus 18, 19 anos, eu sempre fui muito imediatista com os caminhos que trilhava na minha vida, me sentindo frustrado em pouco tempo por não ver um resultado vir da forma e no tempo em que eu gostaria, acho que é bastante normal da nossa geração.
 
Em São Paulo isso foi multiplicado porque aqui as coisas funcionam no 220v, vinte e quatro horas por dia o que me trouxe sentimentos e medos que eu nunca havia tido antes. Me vi completamente travado e tomado pela ansiedade e tristeza, sendo relapso com o meu psicológico, físico, emocional, etc.
 
Hoje com quase 26 anos, esses medos e anseios não foram embora, mas uma coisa que eu aprendi a aproveitar foi o tempo que as coisas levam para começar a brilhar e que não temos controle sobre isso.
 
Claro que existem momentos onde eu questiono o real sentido de correr atrás de tudo o que eu quero que aconteça, mas aí eu me agarro nas coisas que foram acontecendo “sem que eu percebesse” e vejo que sim, as coisas acontecem da forma que elas devem acontecer e que cabe a nós estarmos atentos aos direcionamentos que a vida nos dá.
 
Acho que o exemplo mais claro e que me trouxe um sentimento de “vai atrás porque o que é seu tá guardado” foi tudo o que senti quando comecei a estudar teatro, me vi já formado, fora do timing para uma área que é difícil (mas linda) e sem entender porque eu havia “perdido” seis anos da minha vida investindo em uma graduação, pós-graduação e numa carreira que eu decidi que não seria suficiente sozinha na minha vida.
 
Exatamente agora, a consciência de que eu tenho sobre tudo isso e me vendo seis anos atrás, é de que o cenário para conquistar o que eu estou conquistando hoje não era favorável naquele tempo, seja por maturidade, por questões financeiras, mas acho que principalmente porque com 18 anos eu ainda não havia aprendido a  definir a minhas metas pessoais e profissionais.
 
Passei por uma curva de aprendizagem e amadurecimento intensas e essenciais para aprender a direcionar os recursos que eu tenho, criar bases emocionais sólidas, identificar os direcionamentos que a vida me dá e claro acreditar de que eu sou capaz.

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