10/05/2018 às 22:09
Jady Eduarda Alves, João Lucas Martins, Larissa Biassoti e Tainá Firmo
Julio Terrengui
Nesta quinta-feira (10/05), a Facopp contou com a presença de Felipe Pena, que palestrou sobre “Jornalismo de Resistência”. O penúltimo dia da 23ª Semana de Comunicação começou com um vídeo produzido pela TV Facopp, sobre a palestra da noite anterior, ministrada por Cássio Politi.
Pena falou sobre as suas experiências dentro do jornalismo e apresentou vídeos produzidos por ele que continham erros para mostrar aos alunos o que não se devia fazer na profissão. Com isso, os discentes foram instruídos em como se chega ao conteúdo de resistência.
A falta de empatia pelas pessoas que o auxiliaram em reportagens, matérias recomendadas por chefes feitas por mera ordem, conteúdos vazios e exagero em relatar os fatos, principalmente em relação à violência, foram citados pelo palestrante como equívocos.
O jornalista afirma que o ato de resistir se dá por meio de falas e sugestões de pautas diferentes. “Em uma grande redação, me pediram para falar sobre os índices de violência no Leblon e eu falei ‘porque não vamos no subúrbio e ver como está? Pois lá não existe policiamento’, isso é uma resistência”, exemplifica.
Felipe diz que o Jornalismo de Resistência é exatamente resistir, ter autoconhecimento para que assim seja possível olhar para o outro como se fosse você. Na prática, é necessário que se tenha uma linguagem intimista para conseguir se aproximar do público.
“Saber quem você é, tendo essa consciência de si, permite que você entenda o outro. E entender o outro é falar sobre ele com empatia e com isso você pode fazer boas reportagens”, fala Pena.
Uma das principais características de um profissional da resistência, é conseguir enxergar e dar valor à minoria. Pelo fato de estarem em um estado de vulnerabilidade, deve-se ter uma maior atenção, pois muitos que são autoridades na sociedade são privilegiados.
DISCUSSÕES
O palestrante da noite abriu espaço para os facoppianos fazerem perguntas e assim aumentar a interação e a troca de conhecimentos.
A primeira pergunta tratou sobre dicas para ser inserido do mercado de trabalho de jornalismo de resistência dentro das redações. “Você não pode aceitar aquilo que te é imposto. Se as pessoas estão fazendo coisas iguais, com a sua visão mais humana, faça diferente. Dá para fugir do comum, olhar para o outro mesmo dentro de um meio comercial”, responde .
O bate-papo seguiu com questões sobre as fake news, regulamentação das mídias, jornalismo literário, entre outros assuntos.
Um de seus livros, intitulado como “Crônicas do Golpe”, foi sorteado entre a plateia e quem recebeu foi a jornalista e estudante da especialização em Fotografia Viviane Vieira. “O livro é a minha cara, a palestra toda! O jornalismo de resistência é crucial nos tempos que estamos vivendo hoje no país, com essa interferência da imprensa hegemônica na política”, declara.
Para o professor Roberto Mancuzo, que atua nessa área, “é sempre legal entender que jornalismo de resistência não é o fim do jornalismo tradicional mas sim uma maneira diferente de passar a informação, tendo como pressuposto aquilo que o produtor da mensagem entende como ser correto”.
“Foi muito interessante por conta desta abordagem em relação ao jornalismo, sair daquela rotina fixa da redação e ter reflexões. Foi muito bacana”, opina Igor Gelako, do 7º termo de Jornalismo.